"Os portugueses são patriotas!", dizia ontem a professora de história a propósito de um texto escrito por um belga, cujo nome não me vem à cabeça. No escrito, o autor enaltecia o facto dos portugueses, aquando dos descobrimentos, terem sido os mais tolerantes colonizadores do velho continente, defendendo também que o nosso povo era muito patriota. Não consegui resistir e contestei o que acabara de ouvir. Não consigo concordar quando se diz que os portugueses são patriotas. E contra mim falo.
Se pensarmos bem, todos gostamos de viver neste fantástico cantinho à beira mar plantado, com belas praias, com um sol que aqui tem um brilho especial, enquadrado por um céu azul mais azul que outros céus. Gosto de viver em Portugal, sinto-me privilegiado por ter uma capital sem smog, de num pulo estar perto do mar, de não ter guerras nem atentados. Mas será que isso faz de mim – de nós – patriotas? Na minha opinião, não. Porquê? Tão simplesmente porque os portugueses não se defendem, são os primeiros a atacar-se a eles (nós) próprios, exaltam tudo o que é importado em detrimento do que por cá se faz (que ainda é pouco, eu sei), criticam os governantes por dá cá aquela palha, mostrando-se demasiado ocupados com banalidades na hora de ir às urnas e mostrar o que pensam com uma simples, mas muito valiosa, cruz.
Depois, a pedido de um qualquer brasileiro, desatam a comprar bandeiras (alimentando o comércio luso-chinês) numa demonstração de um "patriotismo" ridículo e temporário. Sim, esses que compraram bandeiras e as colocam nas janelas e carros são os mesmos que não respeitam os nossos monumentos, que sujam os espaços verdes, que nada sabem (nem se interessam) pela nossa história e cultura, que não sabem sequer o hino nacional e o seu significado, que escondem a sua identidade quando vão de férias para o estrangeiro, que não sabem ler ou expressar-se num português minimamente correcto... E vêm falar-me de patriotismo? Parem de o afirmar, por favor! Ponham os olhos na vizinha Espanha e na forma como nuestros hermanos defendem (apesar de alguns exageros que para mim são desnecessários) tudo o que é nacional.
Deixemos de ligar apenas ao que se diz e faz lá por fora e tomemos consciência do que fomos e do que somos e do quão grandes podemos ser. Ganhemos a auto-estima que nos falta e ergam-se, dentro de nós, as verdadeiras bandeiras daquilo que é ser Português.
2 comentários:
Ola,
pois é nuno... para mim isto só vem confirmar a sensação que tenho. Os portugueses só aceitam o que não lhes dá trabalho, ou seja, tudo o que está pronto a consumir,porque quando têm que pensar ou fazer alguma coisa pura e simplesmete ficam parados a "ver o navio passar".
Eu acho que é por esta razão que os portugueses deixaram de se preocupar com o seu país...é mais facil e sabe muito melhor quando nos dão as coisas, sem fazermos o minimo esforço....
Acho que vai ser muito dificil mudar isso, mas é para isso que cá estamos!!!
Beijokas
Ivone
Pois...como eu costumo dizer...mudem de mentalidade. Mas como a mentalidade é o que demora mais tempo a mudar, podem esperar sentados. Não quero ser pessimista e só vou aqui escrever umas coisitas. Cheguei a Portugal há quase 30 anos...quando se deu a Descolonização. Sou uma das muitas retornadas...(nunca entendi esse nome...porque não retornei. Nasci em Angola)que chegou em 1975. Durante estes anos,alguma coisa mudou,mas pouca coisa. Foi bom entrarmos para a Comunidade Europeia... foi sim senhor. Mas meus amigos os Portugueses não se valorizam, não dão valor ao que é do seu País. Não lutam pelo que têm de bom. E têm um péssimo hábito: gostam de ser desgraçadinhos.E mais...só gostam de criticar (destrutivamente)o seu vizinho (maneira de falar) Posso dar um exemplo: Se não tem carro dizem: o que faz ao dinheiro? Se compra um carro bonzinho dizem: é pá o gajo tá rico, já comprou um carro, onde arranjaria o dinheiro? É assim.E mais, tudo o que vem de fora é bom; O produto nacional não vale nada...frases feitas, mas que vão construindo (?) um País. Desculpem a minha opinião mas,realmente, Portugueses dêm valor ao que é Português. E não é Nacionalismo.
Compete aos jovens, que terão nas suas mãos os destinos deste Jardim à Beira Mar plantado, fazê-lo florir mais e mais e mais...
Gostei do teu artigo Nuno
Beijokas
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