terça-feira, maio 10, 2005

mamma mia: faltou um brilhozinho



Começo por dizer que nunca fui grande fã dos Abba, apesar de os reconhecer como uma das grandes bandas pop do século XX. Autores de algumas das músicas com as quais fui crescendo, de tal forma que, mesmo sem dar por isso, as acabo por reconhecer todas e até trautear a letra de uma ou outra, os Abba conseguiram, quanto a mim, a proeza de fazer um potencial single em cada canção que escreviam e interpretavam.

Depois de alguma renitência acabei por aceitar o desafio e ir ontem (domingo) ao Pavilhão Atlântico, numa de "bora lá dar o benefício da dúvida e ver o espectáculo", para assistir ao Mamma Mia, o musical baseado nas músicas deste grupo. Em poucas palavras, a história é passada numa ilha grega onde uma rapariga em vésperas do casamento decide convidar três ex-namorados da mãe na esperança de descobrir qual deles é o seu pai. Além da representação do texto, os actores interpretam ao vivo algumas das músicas dos Abba que surgem ao longo da peça sempre em estreita ligação com o texto. A juntar a isto, um fantástico e muito competente corpo de baile, coros com vozes magníficas, uma cenografia muito bonita, inteligente e eficaz e uma iluminação que nos consegue realmente transportar para o ambiente e luminosidade das ilhas gregas. Fabuloso!

No entanto, nem tudo é perfeito porque, quanto a mim, faltou brilho em algo que era a base de toda a encenação: a música. Havia orquestra a tocar ao vivo, sim, mas quando eu pensava que dali ia sair um som mais “brilhante”, mais grandioso, eis que me deparo com uma formação com guitarras, baterias, percussões e sintetizadores, muitos sintetizadores… E muita voz sintetizada… Outra coisa que falhou, quanto a mim algo grave, foi o facto de alguns dos actores/cantores não conseguirem cantar da melhor forma nas partes mais graves das músicas, fazendo com que na maioria das vezes não se percebesse o que diziam. Apesar de tudo isto, o espectáculo é muito bom e vale a pena o dinheiro que se gasta e as dores de costas que aquelas confortáveis e anatómicas cadeiras provocam. Será que é de propósito para pôr todo o pessoal a dançar? Em algumas partes do espectáculo confesso que fiquei com essa vontade. A imagem anexa a este post é de um desses momentos no qual penso que todo o corpo de baile e actores estão em palco a cantar e a dançar ao som de “Voulez Vous”. Foi sem dúvida um dos momentos brilhantes do espectáculo. Acho mesmo que foi melhor que o final, supostamente apoteótico, em que todo o pavilhão ficou de pé a dançar. Gostei muito, muito mesmo, mas estava à espera de mais brilho. Era só mais um brilhozinho...

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