quarta-feira, outubro 12, 2005

freak-show de luxo



Há muito que queria ver "A Ilha". Não porque o género de filme me interesse por aí além, mas antes pelo assunto abordado – a clonagem – uma das discussões actuais que mais me fascina e intriga e me faz questionar acerca dos avanços tecnológicos. Será que é necessário ir tão longe?

No filme, a forma como se aborda o tema é, sem dúvida, inovadora. Tudo se passa numa colónia de clones que são uma espécie de reserva para pessoas ricas e sem escrúpulos, que ali têm uma cópia fiel de si mesmos não vá o diabo tecê-las e ser necessário um qualquer órgão ou uma sempre importante (ironia!) revitalização cutânea... Tudo a troco de uns escassos milhões de dólares. Coisa pouca para quem aspira a vida eterna. A verdadeira feira das vaidades. Um "freak-show" de luxo.

Tudo isto não me teria feito pensar tanto se a clonagem fosse ainda algo de muito virtual. Acontece que não é. Assusta-me a ideia de que, da mesma forma que se fazem operações plásticas e afins, possam vir a existir pessoas que usem a vida de seres humanos em beneficio de futilidades. Se hoje já é possível criar-se pele humana através destes métodos, até que ponto é que a coisa não descamba para algo mais macabro, tal como o filme relata? Temo que, da mesma forma que génios como Júlio Verne conseguiram antever o futuro, este mesmo filme possa a vir tornar-se numa realidade. Até onde vai a ambição do homem de ser mais e melhor? Quando vai parar a mania de nos tornarmos no ser mais perfeito à face da terra?
É que perfeição só será atingida no dia em que o homem conseguir equilibrar-se com a natureza. Até lá, muitas contas têm que ser acertadas e quem vai pagar a factura deste freak-show de luxo somos mesmo nós...

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