Da última vez que alguém disse uma verdade que me magoou, não me lembro de ter batido palmas ou de ter soltado sequer um sorriso. Posso ser eu a estar errado, é claro, mas quer-me parecer que a maioria das pessoas, em situação semelhante, fará tudo menos bater palmas e/ou rir.
Pois foi precisamente isso que vi ontem no tão falado Momento da Verdade. Perdi algum do meu tempo a descobrir o programa por todos falado (porque detesto ficar de fora das conversas!) e aquilo a que assisti foi... digamos... enfim... sem palavras. Como é que alguém bate palmas e ri com uma aparente normalidade quando o seu conjuge confirma, à frente das câmaras, que já tentou seduzir a mulher de um amigo? Assusta-me a forma como estas barbaridades são desculpadas, ali mesmo à frente de milhares de pessoas, como se fosse algo tão natural como alguém irritado porque a embalagem de leite vazia ficou em cima da bancada da cozinha em vez de ir para o lixo...
6 comentários:
é incrível não é?Chega a ser revoltante. Mas no entanto, mostra bem como é a maioria da..."natureza humana".
Abraço.
Modernices...
Um abraço
a verdade é que toda a gente tem telhados de vidro. daí a ir para a tv revelá-los por uma mão cheia de euros (no caso deste sr. nem chegou a ganhar nada) vai um grande caminho.
Pois, mas o problema aqui nem é tanto alguém ir para a tv dizer as suas verdades ou mentiras. O que me assusta é a aparente normalidade com que os visados engolem as mentiras...
essa do natural como alguem irritado porque a embalagem de leite vazia ficou em cima da bancada da cozinha, hummmm, soa-me familiar, onde ja terei visto esse filme???ahhh, ja me lembro, na nossa casa, na cozinha, a pessoa irritada, claro está é a nossa querida mae.
pois tambem nao percebi porque batem palmas e se riem, se calhar, os lesados pensam, ah ah,ele conta a verdade e eu vou ficar a ganhar algo em troca, uma indeminizaçao por danos morais, por ter ficado mal visto na tv. bjs
Sim, tudo aquilo é obsceno, a ponto de me ter feito pela primeira vez ponderar a hipótese de haver censura. Há qualquer coisa de nazi naquele exercício de expor e vulgarizar o interior humano, perante a chantagem, neste caso do dinheiro. E esses risos que falas soam-me aos risos com que o povo desdentado ria das "bruxas" a arderem vivas aos domingos na praça do comércio, há pouco mais de duzentos anos. É o capitalismo da humilhação, a venda de pequenos comprimidos para a infeliz e oca classe média portuguesa, onde a mulher vira-se para si e para o marido e diz "vês, não somos os únicos infelizes", e já podem voltar para os empregos que odeiam na manhã seguinte sem terem que questionar o resto da vida toda. Belherque.
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