Dizia hoje um dos meus professores que devíamos provocar, agitar e intervir no espaço da escola e não só. É estranho para o comum dos mortais ouvir isto de alguém que ocupa um lugar em que, normalmente, se exige o cumprimento das regras, mas a verdade é que esta “sugestão” me fez reflectir acerca de um assunto que me ocupa a mente há alguns dias, resultante de conversas com amigos.
Temos liberdade hoje em dia, ou pelo menos é isso que nos fazem crer, mas a vida vai-nos ensinando que, muitas vezes, o melhor é ficar calado porque as represálias estão ao virar da esquina. E não me venham dizer que não, porque é verdade. Elas existem. E quando podem comprometer um emprego ou uma outra situação importante, o silêncio acaba por vencer. Eu próprio já senti isso, mesmo aqui no blog onde já me censurei a mim mesmo, evitando dizer algo que pudesse ferir quem aqui venha. Mas será isso correcto?
Cada vez mais sei que não. A apatia, a aceitação ou o conceito do “yes-man” não fazem parte da minha forma de ser e estar, apesar de, em ambiente laboral, por exemplo, a nossa atitude ter que ser mediada entre aquilo que somos e aquilo que temos que ser. É quase esquizofrénico, eu sei, mas é a única forma de não sermos cilindrados por um sistema que se diz livre.
Mas e na esfera privada? Se sou livre para fazer/dizer o que quero, porque não fazê-lo? É esta dúvida que me tem assolado nos últimos tempos. Provocar ou não provocar? Criticar ou ficar calado? Contestar ou aceitar? Hoje tudo se tornou mais óbvio. Contestar, provocar e criticar é importante. Nada de ficar calado ou engolir sapos. Já bastam aqueles que temos que meter goela abaixo só porque tem que ser. É boa a sensação de alívio e de dever cumprido quando contribuímos para algo ou colocamos em discussão um qualquer assunto, sem significar com isso a simples lavagem de roupa suja ou sem querer insinuar que devamos criticar tudo o que nos apetece só por “dá cá aquela palha”. Mas é importante falar, criticar, pôr em causa o que está estabelecido. É importante sonhar em ir mais além, pensar que as coisas podem mudar, porque elas podem mesmo mudar se para isso trabalharmos. Tarefa árdua, caramba se é, mas vale tanto a pena dar à vida um significado e fugir do rebanho massificado que alguém insiste em manter debaixo de olho…
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