quinta-feira, outubro 28, 2004

um bicho chamado telefonia

Quem me conhece sabe que dentro de mim há um bicho que teima (e ainda bem) em não me deixar em paz. É o tão falado bichinho da rádio que desde sempre me fez sonhar em trabalhar naquele meio. Ainda me lembro das tardes passadas em casa a brincar às rádios com um velho gira-discos e a ler notícas recortadas de jornais, enquanto que o pessoal da minha idade se divertia a jogar à bola (um desporto do qual não sou nada adepto). Não me arrependo do tempo e daquilo que ganhei a ouvir os meus grandes mestres da rádio, as boas referências que me fizeram sonhar e pensar "um dia quero ser como eles". Da mesma forma, não me arrependo da primeira aventura que tive em rádio há pouco tempo atrás (obrigado Chai pela porta que abriste), onde aprendi muito e onde este gosto ainda aumentou mais. Um dia vou voltar, assim espero.

Tudo isto a propósito de uma cadeira de comunicação que estou a ter na faculdade onde se fala destes e de outros assuntos relacionados com os media. Muito sensível que sou a este mundo e às suas problemáticas, confirmo algo que já havia percebido há algum tempo: a rádio perdeu a magia e é hoje mais um produto plástico de uma desenfreada indústria dos cifrões. As pessoas (quem faz e quem ouve) deixaram de ser importantes e desvaloriza-se o potencial que este meio tem em troca de uns estranhos estudos de opinião e umas dicas de uns tais consultores estrangeiros que apenas conhecem técnicas para vender. Mais gritante ainda é deixar cair no esquecimento grandes nomes e valores da rádio que tanto têm a dar (honra seja feita à Antena 3 pela aposta em programas de autor).

Sou louco por rádio, mas tristemente afirmo que ouvir hoje uma qualquer estação é uma chatice. As músicas, além de repetidas até à exaustão, são sempre as mesmas. Não há lugar para inovação, para o improviso e até os erros são ensaiados. Bem sei que o melhor improviso é aquele que está escrito, mas será preciso ir tão à letra?

O bicho continua cá dentro, teima em não sair aguardando ansioso por dias melhores. Até lá, a solução é deliciar-me com as pequenas pérolas que ainda vou encontrando nas ondas hertezianas.

3 comentários:

Anónimo disse...

É quase suicida escrever perto de ti! Pareces ter um prontuário ortográfico, um dicionário, e um livro de poesia no estômago, fazes as palavras dançar, tens musicalidade! Se calhar deve ser esse tal bichinho do rádio que se escapa por entre os dedos! A tua caneta deve dançar! : D coloco este comentário anonimamente, acho que vai ser bem mais divertido descobrires quem sou! Em cada texto deixo uma assinatura, uma marca! Acho que será mais estimulante assim!

LET ME PICK YOUR BRAIN!!! hehe

Nuno disse...

Olá anónimo(a). Confesso que fiquei surpreendido com o teu comentário e vejo que também tu sabes brincar com as palavras, o que restringe as minhas suspeitas em relação a quem serás... Vou ficar atento! ;)

Anónimo disse...

hehe vejo que o desafio foi aceite! hum... o jogo de palavras excluiu muitas pessoas!?? Na… não creio! Garanto que da próxima vez componho algo mais sólido! Apenas não resisti a escrever qualquer coisa hoje! E lá estou eu de novo a lançar o caos!

Até breve